domingo, 3 de fevereiro de 2013

Museus na faixa - Parte III



                          


Situado no VII arrondissement de Paris, ao lado do Hôtel des Invalides, encontra-se o Hôtel Biron. Construído por volta de 1730, a princípio para um fabricante de perucas, foi vendido nos anos subsequentes e serviu de palácio para duques, condes e marechais que aos poucos iam acrescentando melhorias e remodelações. Foi considerado demodé logo após a Revolução Francesa devido ao desenvolvimento e modernização de Paris, e passou um período servindo de lugar para festas públicas e feiras abertas.
Durante o reinado de Napoleão, o legado Papal e a Sociedade do Sagrado Coração de Jesus, instalaram-se no palácio por muitos anos. No entanto, após a separação da igreja do estado, em torno de 1905, o prédio caiu em abandono e esteve para ser demolido e substituído por um edifício de apartamentos.





Por sorte, vários artistas arrendaram algumas salas, dentre esses Auguste Rodin, que acabou por transformá-las em estúdio de trabalho. Já no auge de sua fama começou a preparar o Hôtel Biron para convertê-lo no museu de sua obra. E desde de 1919 passou a ser o Museu Rodin que além de guardar as principais obras do escultor ainda conta com obras de outros autores - presentes recebidos por Rodin de alguns amigos, como Munch, Van Gogh, Monet, dentre outros.

Afoito e entusiasmado, Rodin aprofundou-se no estudo da anatomia humana por admirar sobremaneira seus detalhes e formas, o que o fez ser considerado um impressionista.
Algumas de suas mais célebres obras estão espalhadas e lindamente integradas nos jardins do museu. Le PenseurO Pensador, sua mais conhecida escultura, apresentada ao público em 1904, possui mais de vinte réplicas espalhadas pelo mundo. O original encontra-se logo na entrada dos jardins e impressiona por seu tamanho e minúcias.Tornou-se propriedade da cidade de Paris por conta da contribuição organizada de admiradores de Rodin, e em 1906 foi colocada em frente ao Panteão, voltando ao museu alguns anos depois. 






Ainda nos jardins a famosa Porta do Inferno com temas extraídos da Divina Comédia de Dante Alighieri , na qual Rodin trabalhou febrilmente durante anos. Feita em bronze com mais ou menos 180 figuras e algumas delas reproduzidas em tamanho maior como esculturas independentes, entre elas, O Beijo, O Pensador e As Três Sombras






Nos aposentos internos do museu podemos perceber o tamanho de seu legado. Muitas obras  não puderam ser fotografadas. O Beijo, esculpido no mármore em tamanho natural comove pela sutileza e sensibilidade de Rodin, músculos, tendões e expressões fazem a obra viva. A mão de Deus, na realidade, paradoxalmente a mão do escultor em plena atividade, ou seja, no momento da criação, nasce do mármore bruto e como muitas de suas obras baseia-se no conceito "non finito". Bustos de muitos célebres personagens como Balzac, Victor Hugo e Camille Claudel também fazem parte do acervo.
Rodin viveu com Claudel um caso de amor e ódio. O afastamento profissional e amoroso foi marcado pelas esculturas "La Valse" e "La Petite Chatelaine" que ela esculpiu no afã de separar definitivamente os vínculos que os unia. 





Camille era visceral e passional, acreditava que sua escultura devia surgir do esforço árduo do trabalho individual, e ser valorizada por isso. Não aceitava o fato de Rodin ter transformado seu estúdio em uma grande fábrica, repleta de funcionários, e ser seduzido pelo capitalismo. Caminhou ao lado de Rodin até perceber o que, de fato, era considerada, uma aprendiz (recebia salário como tal) e mais uma, dentre tantas amantes que passaram na vida do escultor.
Devido a rejeição de Rodin (casado com Rose) a eterna comparação de sua obra com o mesmo, e o peso que sentia de viver a sua sombra. Acabou culminando com a insanidade e internação de Camille durante 30 anos em um sanatório onde morreu, solitária, amarrada e amordaçada.





Vale ressaltar que a gratuidade do museu só foi possível pois a cada primeiro domingo do mês quase todos os museus de Paris têm entrada gratuita. 

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