sexta-feira, 5 de abril de 2013

A Grande Mesquita de Paris




Por causa da proximidade geográfica, e da colonização francesa de boa parte do norte da Africa, que trouxe também a proximidade linguística, hoje vive aqui em Paris um enorme contingente de imigrantes de origem árabe/muçulmana, sobretudo marroquinos, argelinos e tunisianos. Juntaram-se a eles muitos turcos, palestinos, imigrantes da indonésia, além é claro, dos muçulmanos originários das ex colônias francesas da Africa negra. Com isso, Paris é uma cidade repleta de mesquitas, mas a principal é a Grande Mesquita de Paris, que é também um centro de cultura islâmica.

Belos Jardins internos - estilo oriente médio

Todos os países europeus se encontram em estado de apreensão com a crescente islamização do continente, por diversos motivos (sociais, econômicos, religiosos, culturais, políticos), e na França não poderia ser diferente. Hoje em dia este é sem dúvida o maior problema de sociedade no país. Aqui é comum cruzar com mulheres vestidas de lenço na cabeça, ou até burca, a segunda língua mais falada nas ruas é disparado o árabe, e é mais fácil em certos quarteirões achar um restaurante de Kebab do que uma boulangerie. Uma colega nossa diz que Paris tinha que mudar de nome para Riad (capital da Arábia Saudita).




Aqui na França este assunto é muito delicado. Primeiro porque existe a evidente culpa pelos anos de ocupação e exploração daqueles países, então há um consenso de que existe uma inevitável dívida histórica em relação a esta questão. Segundo porque a França é um país fortemente socialista, e os ideais de igualdade e liberdade são, na medida do possível, levados em conta, e a falta de tolerância aqui é punível por lei. Terceiro porque os islâmicos estão por toda parte, e uma enorme parcela já deixou de ser apenas visitante ou imigrante há muito tempo, mas hoje são franceses legítimos, mesmo que de origem islâmica, e por vezes já na segunda ou terceira geração. Muitos são médicos, engenheiros, advogados, políticos, e absorveram a cultura ocidental.




Boa parte dos islâmicos é formada por cidadãos honestos, economicamente ativos (muitos são ricos), pacíficos, cultos e educados (muitos universitários), mas há todavia uma igual parcela que é motivo de preocupação. A grande maioria dos moradores dos bairros "sensíveis" ou problemáticos de Île-de-France, por exemplo, são desta origem, assim como diversas atitudes cotidianas que demonstram pobres valores de cidadania, são praticados por pessoas desta origem. Mas a característica mais temida e detestada é a insistência de alguns islãmicos em impor suas crenças religiosas pessoais como norma de conduta civíl, e o desprezo pelo código social ocidental, muito prezado na França, país de origem dos valores republicanos modernos. Esse é o tipo de atitude e afronta que não se espera de um "visitante". Obviamente por aqui há um clima que varia do preconceito silencioso até o racismo declarado do Front Nacional, o partido de extrema direita. Para eles, os "árabes" são o inimigo público número 1, e o bode expiatório para todos os problemas do país (e do mundo). O lema deles é simples: se estão aqui se enquadrem,  e se não gostam daqui então se mandem.




De nossa parte não temos qualquer restrição em relação à origem religiosa ou cultural de alguém, e este texto serve apenas para ilustrar as experiências que observamos por aqui em nosso dia a dia. Mas também não concordamos com a imposição dos valores religiosos pessoais praticada pelos islãmicos radicais. Crenças religiosas devem se resumir ao foro pessoal do indivíduo, porque a laicidade é sagrada. Acreditamos que existem boas ou más pessoas, independente de sua origem. Há o bom e o mau islâmico, assim como o bom e o mau cristão. Porém consideramos excepcional a oportunidade de conviver com a diversidade cultural que Paris oferece, e somos colegas de algumas pessoas desta origem, que passam longe de qualquer arquétipo negativo.

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