sexta-feira, 29 de março de 2013

Musée des lettres e manuscrits





Nascido de uma iniciativa privada a pouco mais de dois anos o Musée de lettres e manuscrits (museu de cartas e manuscritos) encontra-se discretamente situado entre lojas de grifes famosas no boulevard de Saint- Germain de près, no seio de um imóvel ao estilo Haussmann. E foi por acaso, em um de nossos passeios exploratórios, que encontramos essa valiosa joia da história e literatura do mundo. Foram oito euros muito bem gastos.


No centro da sala uma pirâmide com o "story board" dos Pássaros de Hitchcock

Estar em um museu de cartas e manuscritos nos transporta impreterivelmente para além do mundo das figuras mais fantásticas da história, para além de suas descobertas e invenções, é como se os sentíssemos mais próximos, mais humanos e comuns. É empolgante estar diante do momento da rasura, do rabisco, da dúvida, da hesitação, do nascimento das idéias e da construção da história.


Esboço do Pequeno Príncipe de Sainte-Éxupery

Impossível não se emocionar diante dos desenhos despretensiosamente rabiscados em pedaços de papéis do Pequeno Príncipe de Antoine de Sainte- Éxupery.
Dos manifestos surrealistas de André Breton. 
Das cartas de Dostoiévski durante seu exílio na Sibéria.
Das cartas trocadas entre Sartre e Beauvoir. 
Correspondências de Manet, Monet, Gauguin.
As mais de dez cartas trocadas entre Victor Hugo e Hemingway, de Montesquieu, de Voltaire.
Escritos de Marcel Proust, Baudelaire, Flaubert.
As partituras originais de Mozart, de Bizet, de Chopin, de Bach.
Então boquiaberto você pensa que já viu tudo e se depara com seis desenhos dos primeiros modelos da lâmpada de Thomas Edison, o que seria uma das maiores criações humanas.


protótipos das primeiras lâmpadas de Thomas Edison

Thomas Edison e sua invenção

A seguir, os manuscritos de Darwin e a primeiríssima edição de sua obra maior.
O rascunho de Einstein para a Teoria da Relatividade, rabiscado, cheio de setas e aspas.
A primeira edição do Livro dos sonhos de Sigmund Freud.
Uma carta escrita em código na qual o imperador Napoleão Bonaparte, anuncia a intenção de destruir o Kremlin.
Rascunhos de Kleper, de Newton, de Marie Curie.
Muitos documentos importantes da Revolução Francesa, da Segunda Guerra Mundial, de Hitler, de Stalin, o anúncio do cessar fogo de Eisenhower em 1945.
Até o diário de uma sobrevivente do Titanic.
Enfim, difícil conter-se diante do fascínio que este curioso acervo exerce sobre nós.


O apelo de de Gaulle




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quarta-feira, 27 de março de 2013

Catacumbas de Paris





A história das catacumbas de Paris começam há 45 milhões de anos atrás, quando o norte da França se situava em uma zona tropical, e a cidade de Paris ficava no fundo de um mar quente. Neste mar abundavam formas de vidas pré históricas, moluscos e crustáceos de quase 1 metro de comprimento, cujas cascas eram ricas de minerais. Com o decorrer das eras, o oceano secou, e os sedimentos dos crustáceos se depositaram uns sobre os outros, dando origem, através de milhões de anos, a uma grossa camada petrificada em forma de rocha. No ano 1 da era cristã, os romanos chegaram à Paris, e criaram um povoado chamado de Lutécia. Logo descobriram que no subsolo havia esta rocha excelente para ser talhada. Começaram a edificar uma vila com termas, templos e arena, feitos à base desta pedra, que passou a ser conhecida como "Calcaire de Lutétien".


Espécie marítima que viveu há 45 milhões de anos e é a base da arquitetura parisiense

À partir da idade média, e pelos próximos 1200 anos a cidade de Paris foi sendo construída com estas pedras, desde a catedral de Notre Dame até prédios públicos e particulares, conferindo à cidade seu aspecto tão peculiar. Com isso, as pedreiras subterrâneas se transformaram em um enorme sistema de túneis em forma de labirinto, que até hoje ninguém sabe ao certo o tamanho, mas que está na ordem de muitas dezenas de quilômetros. Assim, Paris se situa em cima de um enorme "oco", que já resultou algumas vezes no passado em desabamentos de quarteirões inteiros, deixando os túneis à céu aberto.


Filas gigantes todos os dias

Entrada para as Catacumbas


Lá pelo final do século 18, a cidade crescia em um ritmo vertiginoso, e seus muitos cemitérios ocupavam uma área imensa, causando problemas sanitários, já que as carcaças desenterradas para dar lugar à outras eram simplesmente jogadas perto dos muros, causando um insuportável fedor de carniça. Além disso, era cada vez mais necessário espaço para construir novos prédios, e os cemitérios eram um impedimento, pois além dos cemitérios de campo, cada igreja possuía também o seu próprio cemitério, e em Paris existe uma igreja em cada esquina. Assim, algum iluminado teve a boa ideia de matar dois coelhos: transferir 6 milhões de ossadas acumuladas em dois mil anos de história para dentro das pedreiras abandonadas, ao mesmo tempo que uma obra de manutenção do sistema de túneis, com a construção de pilastras de sustento, fosse levada a termo para evitar novos acidentes de desabamento.


Descida sinistra para chegar ao ossuário


Chegada ao portão do ossuário com o anúncio macabro: "Pare! É aqui o império da morte!

O resultado parece tão bizarro que hoje, todos os dias, os visitantes fazem filas gigantescas para conhecer esta macabra atração, em frente à insuspeita casinha verde de madeira, no meio do 14eme, que é a entrada dos pedreiras. Mas não é uma visita para qualquer um. Os túneis são escuros, úmidos, e o trajeto é enorme e repleto de sobe e desce.  A distância a ser percorrida é grande, e as ossadas não são cheirosas. Tem que ser realmente curioso ou amante da história para apreciar o passeio, mas a julgar pelos tamanhos das filas diárias muita gente é. Desde a primeira vez que ouvi falar das catacumbas, no programa "acredite se quiser", tive curiosidade de visitá-las, e finalmente consegui.


Placa filosófica no meio das caveiras: "Assim tudo passa sobre a terra, espírito, beleza, graças e talentos,
Tal qual uma flor que se dobra ao menor vento"

sábado, 23 de março de 2013

Tour de Saint-Jacques





Muita gente que passeia a pé por Paris não entende muito bem o que é uma linda torre bem no meio de uma praça do 4eme arrondissement, perto do Hôtel de Ville e do Chatêlet. Trata-se da Tour de Saint-Jacques, ou Torre de São Tiago em português. Hoje este agradável recanto é tudo que resta da antiga igreja do mesmo nome, que existiu por ali durante centenas de anos. Diz a lenda que a igreja teria sido criada inicialmente como uma capela por Charlemagne (Carlos Magno) em pessoa. Através dos séculos o templo foi passando por inúmeras ampliações e reformas, que culminariam em sua feição atual, que data dos anos 1500. A enorme catedral que existia ali era muito considerada pelos católicos, por abrigar, de acordo com a tradição, algumas relíquias pertencentes à São Tiago.




Além disso, a igreja foi passagem obrigatório, durante séculos, para os peregrinos que faziam o caminho de Santiago de Compostela. Porém, nos anos da revolução francesa a igreja foi ocupada pelos republicanos, que a dessacralizaram, e depois colocaram tudo abaixo sem a menor cerimônia, aproveitando-se de suas pedras para erguerem outros edifícios públicos de Paris. Entretanto, sua bela torre foi poupada. Mais de um século depois de sua demolição, Napoleão terceiro (sobrinho de Bonaparte), tendo em vista a grande revitalização da vila de Paris, organizou ao redor dela um belo Jardim fechado, que é a praça que está lá até hoje.

terça-feira, 12 de março de 2013

Tempête de Neige *




* (Tempestade de neve)

Restam 9 dias de inverno oficialmente pela frente, e no ultimo sábado, a Primavera já começava a dar sinais. A temperatura disparou para até 16, 17 graus de máxima. Os arbustos começam a brotar folhinhas verdes. Algumas flores já desabrochavam pelo chão, e o povo começou a sair de casa em maior número, até mesmo de camisa de malha. No parque começaram os aluguéis de bicicleta, cavalos e barcos. Os kioskes, que ficaram fechados o inverno todo, abriram todos os dias, vendendo churros, algodão doce (que aqui se chama barb à papa - barba do papai), balões. As pessoas vieram para passar o dia, fazer pic-nic, dormir na grama, com cachorro, violão, alimentar os gansos e pavões, tomando banho de sol como se estivessem em copacabana. Primavera aqui eles esperam com paciência, já que associam à coisas boas. Assim como o ano começa no Brasil após o carnaval, por aqui o ano começa após o início da primavera. A própria palavra em francês, "printemps", quer dizer primeiros tempos.

Sábado : Dia com cara de Primavera e as pessoas fazendo pic-nic e estiradas no sol


Terça Feira no mesmo local: nenhuma alma viva

Porém, contrariando todas as expectativas, a nova semana trouxe uma brutal frente fria que deixou Paris com cara de Sibéria. Na segunda a temperatura começou a despencar, e a partir da noite começou uma neve intensa. Hoje de manhã tentei abrir a janela mas não consegui, estava congelada. Já neva há quase 24hs forte e sem parar, além do vento que corta sem dó. São 15 cm de neve, o que é muita coisa para a região. A sensação térmica é de - 14 graus, a luz é muito pouca, e muitas escolas não abriram, boa parte dos trens RER (das regiões da grande Paris) pararam, assim como TGVs. Muitas áreas estão sem luz e comunicação. Os céticos do aquecimento global lembram toda hora na rádio e na TV que não neva com esse volume em Paris há mais de 40 anos. O episódio já foi apelidado de "neige exceptionnelle" pela mídia daqui, que ama falar sobre meteorologia sem parar.

Sábado : primeiras flores de Primavera prosperando

Terça feira: flores viraram picolé

domingo, 10 de março de 2013

Promenade plantée e Viaduc des Arts




Um dos melhores passeios a pé que fiz até agora aqui em Paris foi o caminho através da Promenade plantée, nome que pode ser traduzido livremente como "passeio plantado", e que é também uma sensacional solução de urbanismo: uma via para os pedestres passearem que é totalmente verde do início ao fim, e liga a Praça da Bastilha, que fica no centrão do centrão de Paris, até o nosso parque do coração, Bois de Vincennes. Esta via é uma das coisas incríveis que a cidade oferece, mas que infelizmente acaba passando batido dos olhos dos turistas.


Viaduc des Arts, um belo parque suspenso entre os prédios


Depois que fiz este passeio a cidade subiu ainda mais no meu conceito, pois sempre admirei a idéia da muito propagada High line, um parque suspenso que existe há poucos anos em Nova York, construido sobre uma linha de trem desativada. Porém, eu não sabia que a via americana foi inspirada (copiada) da idéia original parisiense, que já existia há mais de 10 anos antes e é três vezes maior.

Antiga via férrea que hoje é o Viaduc des Arts


 A partir da Bastilha, a Promenade se inicia no Viaduc des Arts, uma passarela construída no trajeto de um antigo viaduto ferroviário que fazia parte da extinta  linha Bastille - Vincennes, cujo trajeto é até hoje a base da promenade. Após ser desativado, o lugar ficou ocioso por uma década, abandonado e poluindo visualmente a cidade, até que alguém teve a idéia de criar um agradável parque suspenso. Os arcos do viaduto foram convertidos em ateliers de artesanato, daí seu nome "Viaduc des arts". Enquanto a High line americana se limita ao parque suspenso, a promenade plantée se continua por entre demais áreas verdes, até que se chegue ao Parque.


Os ateliers sob o Viaduc des arts  




Passarela sob o parque de Reuilly


Na extremidade do viaduc oposta à Bastilha a via segue através de uma bela passarela que atravessa o Jardin de Reuilly, área verde muito bem tratada que costumava ser os jardins da residência dos reis merovíngios, dinastia que iniciou a criação de um reino que viria a se tornar um dia a França, lá pelos início da idade média. Aproveitando-se da revitalização da área, belos condomínios foram construídos ao redor do jardim. A via prossegue pela Allée Vivaldi (alameda Vivaldi), cheia de cafés e "restôs" (como eles chamam restaurante por aqui) e também onde se encontra totalmente preservada como centro cultural a antiga estação de trens de Reuilly.
Um túnel ferroviário desativado liga a alameda ao resto da via, que após passar pela praça Félix Éboule, conduz o pedestre finalmente até o enorme parque de Vincennes. Uma beleza de passeio.


Antiga estação de Reuilly, hoje centro cultural

AlléeVivaldi

sábado, 9 de março de 2013

Meia Maratona de Paris




Domingo passado foi o dia da meia maratona de Paris. A cidade inteira parou para assistir mais de quinze mil atletas profissionais e amadores correrem pelos pontos turísticos mais cobiçados do mundo. O tempo colaborou, e fez o mais belo dia de sol possível. Os parisienses foram para rua incentivar os atletas, e todos aplaudiam e gritavam palavras de incentivo, inclusive "merde", que é uma palavra que aqui serve para muitas coisas, mas não imaginava que era também uma palavra de incentivo. Passava um atleta, e uma repeitável senhora gritava "meeeerrrrdeeee !". 


Comboio passa em frente ao Hôtel de Ville, e no fundo a torre de Notre Dame




Corredor-banana passa em frente ao carrossel da rue Rivoli

 Em cada esquina por onde o comboio de atletas passava havia uma banda completa tocando música populares, no estilo "charanga", tipo aquelas bandas que tocam em frente das lojas pernambucanas em dia de liquidação, com instrumentos de sopro, e todos fantasiados ridiculamente. O trânsito foi desviado, e mesmo sendo domingo todas as ruas de desvio ficaram um caos e com um buzinaço terrível, porque aqui o povo dirige com ódio, que nem feras enjauladas. Haviam corredores de todo o mundo, assim como cada corredor trouxe uma pequena comitiva de familiares e amigos, que ficavam em lugares estratégicos com água e toalinhas, ou simplesmente para dar um apoio moral mesmo, berrando o nome do corredor quando ele passava. Claro que foi uma festa nesta cidade repleta de atividades. Quando a corrida acabou, todos, turistas + corredores + parisienses + comitivas + imprensa provocaram uma superlotação nas ruas impressionante. Parecia o Saara no centro do Rio. E olha que eles chamam Paris no inverno de "la ville qui dort" - a cidade que dorme. Imaginem quando chegar o verão.




Uma das charangas, perto de onde moramos, num dos lugares onde passaria o comboio



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quinta-feira, 7 de março de 2013

Chantilly





Chantilly é uma bela cidadezinha na região da Picardia, à 40 km de Paris, na direção norte. O lugar é muito lindo e parece "cidade de boneca", sendo o famoso château (castelo) de mesmo nome a sua principal atração. Além disso a cidade possui a fama de criadora de cavalos de corrida, e por isso abriga o museu do cavalo e um hipódromo que sedia tradicionais grandes prêmios. Foi lá que surgiu, obviamente, o creme de Chantilly. É uma cidade dormitório, pois a maioria das pessoas trabalha em Paris, porém o fluxo reverso é bem maior, pois muitos turistas agregam uma visita do château aos planos de viagem, quando visitam Paris.

Estação ferroviária de Chantilly

O Château de Chantilly (pronuncia-se chanti-í) é realmente impressionante, e tem origem à partir de uma fortaleza medieval, e foi sendo aumentado ao longo do tempo, quando pertenceu à família Condé. Hoje funciona como um museu, que guarda as obras de arte da coleção particular dos Condé, que inclui 3 quadros de Rafael (é o único museu do mundo com 3 quadros de Rafael), mas também quadros de Eugene de la Croix e outros nomes. Possui salas finamente decoradas com mobília de época e até mesmo mosaicos romanos originais, retirados de sítios arqueológicos na Itália, e transportados e refeitos no chão e no batente de uma das laleiras por ordem dos ricos Condé.


Detalhe da sala dos quadros, onde a família ia fazer a digestão olhando obras da renascença

Os jardins do château são gigantescos, com um lago enorme e até mesmo uma floresta própria, habitada por cervos e outros animais da fauna temperada. O lugar pertence à iniciativa privada (a entrada é paga), e seus jardins e instalações podem ser locados para eventos privados. No dia que fomos uma modelo japonesa magrela estava lá congelando pelos jardins, de vestidinho de pouco pano, para um ensaio fotográfico. Deu até pena. Haviam também noivas tirando as tradicionais fotos de bodas, inclusive uma com um super cafona vestido roxo. O lugar é muito procurado por milionários que querem se casar no cenário de "conto de fadas". Inclusive um rapaz de Bento Ribeiro se casou lá, o Ronaldinho fofômeno, mas seu conto de fadas durou apenas 4 meses.


Centro da cidade

Um lindo Châtelet (palacete) particular, no centro da vila

Em Chantilly, padaria é "artisan boulanger", pois na França pão é coisa muito séria ..


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quarta-feira, 6 de março de 2013

Os Prédios Haussmann



Imagine se a Torre Eiffel, Notre Dame, o Louvre e os demais monumentos de Paris estivessem escondidos no meio de um monte de arranha céus, edifícios envidraçados, prédios-caixotes (edifícios de concreto armado, quadrados e burocráticos). Dificilmente a cidade teria a fama e o apelo que possui hoje. Isso porque, a verdadeira moldura da beleza da cidade são suas avenidas largas, seus parques, e os prédios em estilo haussmaniano. Eles são a verdadeira marca registrada de Paris, e a simples visão de um deles traz imediatamente o nome da cidade à mente.
Criados em meados do século 19 pelo prefeito Haussmann, como uma das medidas básicas de embelezamento e modernização à todo custo da capital francesa, levadas à cabo à pedido de Napoleão III.



Tudo aconteceu ao mesmo tempo: o alargamento e o embelezamento de avenidas, a extinção dos cortiços e dos velhos prédios caindo aos pedaços, a criação de monumentos e parques públicos às dezenas, e a expulsão da população de baixa renda para a periferia. Além de recriar Paris, (que até então tinha fama de insalubre, mal cheirosa e horrivel), o plano era torná-la também a mais bela cidade do mundo, arejada, agradável e dramática. O imperador, sobrinho de Bonaparte, queria ainda extinguir de vez a possibilidade de revoluções populares, muito comuns até então, se beneficiarem de ruelas e pequenos edifícios para acartelamento e barricadas.
Para isso, Haussmann criou a solução das "ruas-parede". Uma fileira de prédios geminados, muitas vezes com o mesmo gabarito, que ocupasse toda a quadra, sem vielas ou cortiços no meio. Como o objetivo era também embelezar a cidade, todos teriam uma fachada sóbria e elegante, longas janelas de pequenos balcões, e com o ultimo andar duplo reservado para os mais ricos, com telhados dotado de janelas que se abriam em meio ao indefectível telhado de ardósia ou de metal. Estava criado um estilo clássico que passou a ser a cara da cidade que todos amamos.



Até hoje o estilo é o modelo para a construção de muitos prédios da cidade, mais ou menos fiéis ao modelo clássico. Muito imitado em outros lugares, dentro e fora da França, o estilo não agradou muito à princípio, pois as pessoas reclamavam da uniformização e da impressão de estarem "sufocadas pelos prédios". Hoje os parisienses amam e nem cogitam a possibilidade de viver sem eles. Napoleão III e suas reformas definiram o que é a cidade de Paris até hoje.

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